Há cinco anos, a Avenida Ivo do Prado ganhou mais um ponto turístico projetado pelo arquiteto e urbanista Ézio Déda: o Largo da Gente Sergipana. Com o objetivo de valorizar a cultura popular do estado, os artistas plásticos Félix Sampaio e Tatti Moreno foram responsáveis pelas esculturas, com a chancela de intelectuais locais, tais como Aglaé Fontes e Josevanda Mendonça, pesquisadora e historiadora, respectivamente.
Às margens do Rio Sergipe, a instalação artística urbana que, de acordo com especialistas, está integrado à paisagem natural do Rio Sergipe e ao Centro Histórico da Terra dos Cajus e Araras, dialogando com o acervo do Museu da Gente Sergipana.
Por lá, você vai encontrar oito manifestações culturais, sendo elas: Lambe Sujos e Caboclinhos, os Bacamarteiros, o Cacumbi, os Parafusos, o Reisado, a Chegança, a Taieira, a Dança de São Gonçalo, além do Barco de Fogo.
O Largo da Gente Sergipana é parada obrigatória para quem visita Aracaju. Afinal, em apenas um ponto, você tem a oportunidade de conhecer a história de Sergipe por meio dos monumentos que representam o folclore.
1- Lambe-sujos e caboclinhos – a estátua que representa a luta entre índios e negros remete à festa dos Lam-sujos e Caboclinhos, que acontece sempre no mês de outubro e é muito comum nos municípios de Laranjeiras e Itaporanga D’Ajuda. Nela se apresentam dois grupos, que através de uma dramaturgia forte, retratam o combate entre negros e índios. Além dos combates, o canto e a dança enriquecem a dramaturgia, que tem seus personagens definidos.
2 – Reisado – a manifestação com origem portuguesa, chegou ao Brasil através da colonização. No Largo da Gente Sergipana, a dança está representada na estátua do bumba meu boi. Os cantos e danças são bem presentes na folia, na qual participam elementos humanos, fantásticos e animais. Entre esses elementos se destacam a Borboleta, o Guriatá, o Bambu, a Cigana e a Camponesa, além dos elementos fantásticos que são o Boi e o Jaraguá. Todos eles são conduzidos pelo Mateus ou Caboclo, que divide com a Dona Deusa, o desenvolvimento do folguedo.
3 – Bacamarteiros – a figura de um homem com o bacamarte na mão é uma homenagem aos Bacarmateiros, figuras tradicionais nas festas juninas de alguns municípios sergipanos. No período junino, ele é utilizado como um desafio à valentia. Formado por homens e mulheres, o grupo é formado pelos Atiradores, o Mestre do Apito, as mulheres cantantes e dançantes do Samba de Coco, o Tirador de Versos ou Coqueiro e os Tocadores, que se ocupam dos pandeiros, ganzás, reco-recos, onças ou ronqueiras. Os grupos estão presentes nos municípios de Capela, Carmópolis e General Maynard.
4 – São Gonçalo – um homem com uma roupa branca e fitas coloridas: é assim que o folguedo está representado. Aqui em Sergipe, existem grupos do folguedo nos municípios de Itaporanga D’Ajuda, Laranjeiras, Pinhão, Poço Verde, Riachão do Dantas, São Cristóvão e Simão Dias. Trata-se de uma dança ritual, com registros na Bahia datados de 1718, destinada, inicialmente, para pagamentos de promessas feitas a São Gonçalo. Mas além da devoção, existem algumas lendas envolvendo a história do santo, sendo uma delas a de que antes de se tornar frade franciscano, ele foi marinheiro e resgatava mulheres do pecado.
5 – Traieira – uma jovem com chapéu na cabeça, um cesto em uma das mãos e saia colorida, essa é a representação da Traieira. A festa recebe forte influência africana, ligada ao culto nagô e se apresenta como louvor aos santos protetores dos negros: Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito. Trata-se de uma dança-cortejo de intenção religiosa e acontece nas festas de seus santos de devoção, no Natal, Ano Novo e dia de Santos Reis.
6 – Cacumbi – originalmente o Cacumbi remete a uma luta entre um rei negro e um chefe caboclo, sempre vencido pelo rei. Também em homenagem aos padroeiros dos negros São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, o grupo é composto apenas por homens, que obedecem ao som marcante e ao apito que coordena os passos, vestidos com calça branca e camisa amarela. É possível reconhecê-los pelos chapéus enfeitados com fitas e espelhos. Costumam se apresentar nas procissões de Bom Jesus dos Navegantes e no dia dos Santos Reis.
7 – Parafuso – o grupo folclórico do município de Lagarto, o Parafuso tem inspiração no tempo da escravidão, quando os negros fugitivos roubavam as anáguas das sinhás que estavam no quaradouro. Cobrindo todo o corpo com as peças, os negros saíam em noite de lua cheia pulando e dançando em busca de liberdade. Desta forma, criou-se a superstição e nenhum senhor saía à noite de casa com medo da assombração. O grupo é exclusivamente composto por homens, que representam os negros escravos, e seguem trajando as anáguas, cantando e dançando pela cidade ao som do triângulo e tambores.
8 – Chegança – a estátua com roupa de marinheiro, é uma homenagem à Chegança, dança que se baseia na luta entre cristãos e mouros, com origem nas antigas tradições ibéricas e inspirado em romances que narravam aventuras marítimas de embarcações como a nau Catarineta. No Brasil, recebe vários nomes diferentes a depender da região. Os cantos também compõem a apresentação acompanhada por pandeiros, caixas e apitos, além do trincar das espadas.
9 – Barco de Fogo – Conhecido tradicionalmente como alegoria pirotécnica ligada ao ciclo junino dos festejos populares com ocorrência exclusiva na cidade de Estância, a 66 km da capital. A confecção do barco de fogo se dá nos barracões dos fogueteiros onde inicia o processo de confecção. Conhecida como Berço da Cultura, Estância recebe diversos turistas para ver a passagem do Barco de Fogo. Vale a pena conhecer.
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